Não é só
em filmes de ficção: vira e mexe, a história tem detalhes obscuros e mistérios
que ninguém conseguiu desvendar. Um deles envolve a morte, em 1601, do
astrônomo dinamarquês Tycho Brahe,
que ficou famoso por suas descobertas sobre a posição dos astros no céu.
Se, para
alguns, Tycho havia morrido por causa de um problema na bexiga, para outros era
certo que a causa da morte tinha sido envenenamento por mercúrio. Intrigados
com essa dúvida tão antiga, cientistas decidiram realizar análises dos restos
mortais do astrônomo para tentar solucioná-la de vez.
Documentos
da época em que Tycho faleceu diziam que, onze dias antes de morrer, ele havia
participado de um banquete real e, depois, apresentado problemas na bexiga.
Essa era a versão oficial dos fatos até 1901, quando pesquisadores
dinamarqueses analisaram o túmulo do cientista e, em um fio de cabelo que ainda
apresentava raiz, encontraram altos níveis de mercúrio, uma substância muito
tóxica.
Passaram,
então, a acreditar que o envenenamento teria sido a causa da morte de Tycho.
Logo surgiram hipóteses sobre um assassinato, e Johannes Kepler, seu discípulo,
tornou-se o principal suspeito – seu objetivo seria roubar os cálculos de Tycho
para fazer seus próprios estudos.
Mercúrio não foi
Mais de um século depois, a hipótese foi finalmente descartada. Em um novo estudo dos restos mortais de Tycho, cientistas da Universidade de Copenhague analisaram a barba do astrônomo, além de seus ossos e restos de roupas.
Mais de um século depois, a hipótese foi finalmente descartada. Em um novo estudo dos restos mortais de Tycho, cientistas da Universidade de Copenhague analisaram a barba do astrônomo, além de seus ossos e restos de roupas.
Pesquisadores analisaram as concentrações de mercúrio nos ossos e na barba do astrônomo Tycho Brahe e descartaram a hipótese de ele ter morrido intoxicado por esse metal (Foto: Universidade de Copenhague) |
Embora
tenham encontrado mercúrio, os pesquisadores afirmam que a substância estava em
quantidades bem abaixo do limite do que seria perigoso para a saúde. Eles
concluíram também que Tycho não teve nenhum contato com o metal nos seus
últimos dias de vida nem nos 15 anos que os precederam.
“Tycho
era poeta, médico, astrônomo e envolvido com alquimia, logo era esperado que
ele tivesse algum contato com mercúrio, que na época era usado para tudo”, diz
o antropólogo forense Niels Lynnerup. “Mas mostramos que, com certeza, ele não
foi envenenado com mercúrio nem morreu intoxicado por essa substância”.
Por outro
lado, as roupas com as quais Tycho foi enterrado estavam encharcadas com o
metal. Niels explica: era comum usar mercúrio para embalsamar corpos – por
isso, a amostra analisada em 1901 deve ter sido contaminada.
Se, por
um lado, já temos certeza de que Tycho Brahe não morreu envenenado por
mercúrio, por outro, ainda não sabemos a causa certa de sua morte. Niels
acredita que os problemas na bexiga sejam a hipótese mais provável. Se ele está
certo? Talvez nunca tenhamos certeza…
Fonte: REVISTA CIÊNCIAS HOJE DAS CRIANÇAS - http://chc.cienciahoje.uol.com.br/o-caso-do-mercurio/
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